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 Um poema da tua vida

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Lady Amdis
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Lady Amdis
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MensagemAssunto: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeQua Set 05, 2007 8:38 pm

Assim como existem músicas que nos dizem muito, também existem poemas...

Um dos poemas da minha vida é:

Assentado à sombra da minha alaranjeira
Tou pensande no que eidescrever
Ta uma noite tâ bela
Que so me da para parvoeira dizer

Num sei como á sombra se pode estar
Quando ja passam das nove da noite
Tambem nao me interessa, toum a lixar
So vim para lhe dar um...beijoite

Vampire Heart - O Poeta do séc. XXI
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Diz-me um dos poemas da tua vida Very Happy
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MensagemAssunto: Re: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeSeg Set 10, 2007 11:09 pm

LOl eu conheço esse poema de algum lado dona administradora.

From childhood's hour I have not been
As others were; I have not seen
As others saw; I could not bring
My passions from a common spring.

From the same source I have not taken
My sorrow; I could not awaken
My heart to joy at the same tone;
And all I loved, I loved alone.

Then- in my childhood, in the dawn
Of a most stormy life- was drawn
From every depth of good and ill
The mystery which binds me still:

From the torrent, or the fountain,
From the red cliff of the mountain,
From the sun that round me rolled
In its autumn tint of gold,
From the lightning in the sky
As it passed me flying by,

From the thunder and the storm,
And the cloud that took the form
(When the rest of Heaven was blue)
Of a demon in my view.


Edgar Allan Poe - Alone
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MensagemAssunto: Re: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeSáb Nov 24, 2007 6:55 pm

poema da minha vida?

ainda estou por o escrever xD
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MensagemAssunto: Re: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeSáb Nov 24, 2007 6:56 pm

Lady Amdis escreveu:
Assim como existem músicas que nos dizem muito, também existem poemas...

Um dos poemas da minha vida é:

Assentado à sombra da minha alaranjeira
Tou pensande no que eidescrever
Ta uma noite tâ bela
Que so me da para parvoeira dizer

Num sei como á sombra se pode estar
Quando ja passam das nove da noite
Tambem nao me interessa, toum a lixar
So vim para lhe dar um...beijoite













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Diz-me um dos poemas da tua vida Very Happy



Lindo I love you és o maior Vampire Heart! se HIM viesse cá, ia-te pedir um autografo e um beijinho amore (ia ser algo mt à moda tuga)
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Lady Amdis
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MensagemAssunto: Re: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeDom Nov 25, 2007 1:39 pm

PT-ZIM- escreveu:
Lindo I love you és o maior Vampire Heart! se HIM viesse cá, ia-te pedir um autografo e um beijinho amore (ia ser algo mt à moda tuga)

lol!
O Vampire Heart pode ser o maior, mas não é o mais alto tongue
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MensagemAssunto: Re: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeDom Nov 25, 2007 3:10 pm

Fui renovar o BI e tenho 1,72.... aiiii infelicidade! snif... mas agradeço o reconhecimento pela minha parte poética XD
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Freyja
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MensagemAssunto: Re: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeDom Jun 20, 2010 2:45 am

É dificil escolher apenas um, mas talvez o Annabel Lee do Edgar Allan Poe, traduzido pelo Fernando Pessoa, para quem não conhece, aqui fica:


"Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino de ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar.

Eu era criança e ela era criança,
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor --
O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nós invejar.

E foi esta a razão por que, há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar.

E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar...
Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar.

Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar.

Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim 'stou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar. "
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MensagemAssunto: Re: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeDom Jul 04, 2010 9:24 pm

Freyja escreveu:
Annabel Lee do Edgar Allan Poe

O CD The Emptiness dos Alesana e baseado nesse belissimo poema Smile
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MensagemAssunto: Re: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeQui Jul 15, 2010 4:12 pm

Felizmente há muias bandas que se inspiram em Edgar Allan Poe.
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MensagemAssunto: Re: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeTer Jul 27, 2010 5:06 pm



Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais
«Uma visita», eu me disse, «está batendo a meus umbrais.
É só isso e nada mais.»

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão) a amada, hoje entre hostes celestiais —
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo,
«É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isso e nada mais».

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
«Senhor», eu disse, «ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi...» E abri largos, franquendo-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais —
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isto só e nada mais.

Para dentro estão volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
«Por certo», disse eu, «aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.»
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
«É o vento, e nada mais.»

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais.
Foi, pousou, e nada mais.

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
«Tens o aspecto tosquiado», disse eu, «mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Diz-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.»
Disse-me o corvo, «Nunca mais».

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos seus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome «Nunca mais».

Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, «Amigo, sonhos — mortais
Todos — todos lá se foram. Amanhã também te vais».
Disse o corvo, «Nunca mais».

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
«Por certo», disse eu, «são estas vozes usuais.
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este «Nunca mais».

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureira dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele «Nunca mais».

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sombras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sombras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-me então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
«Maldito!», a mim disse, «deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

«Profeta», disse eu, «profeta — ou demónio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais,
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

«Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!, eu disse. «Parte!
Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demónio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais,
E a minh'alma dessa sombra, que no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!



"O Corvo" de Edgar Allan Poe traduzido por Fernando Pessoa
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MensagemAssunto: Re: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeQua Jul 28, 2010 8:37 pm

ZeCorvo escreveu:


Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais
«Uma visita», eu me disse, «está batendo a meus umbrais.
É só isso e nada mais.»

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão) a amada, hoje entre hostes celestiais —
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo,
«É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isso e nada mais».

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
«Senhor», eu disse, «ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi...» E abri largos, franquendo-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais —
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isto só e nada mais.

Para dentro estão volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
«Por certo», disse eu, «aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.»
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
«É o vento, e nada mais.»

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais.
Foi, pousou, e nada mais.

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
«Tens o aspecto tosquiado», disse eu, «mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Diz-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.»
Disse-me o corvo, «Nunca mais».

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos seus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome «Nunca mais».

Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, «Amigo, sonhos — mortais
Todos — todos lá se foram. Amanhã também te vais».
Disse o corvo, «Nunca mais».

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
«Por certo», disse eu, «são estas vozes usuais.
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este «Nunca mais».

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureira dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele «Nunca mais».

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sombras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sombras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-me então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
«Maldito!», a mim disse, «deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

«Profeta», disse eu, «profeta — ou demónio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais,
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

«Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!, eu disse. «Parte!
Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demónio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais,
E a minh'alma dessa sombra, que no chão há mais e mais,
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"O Corvo" de Edgar Allan Poe traduzido por Fernando Pessoa

Li alguns dos poemas de Fernando Pessoa, mas esta tradução/verção do poema de Edgar A. Poe está muito bem feito, mesmo á Pessoa Smile

Gostei:)
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MensagemAssunto: Re: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeQui Jul 29, 2010 4:00 pm

Penso que já li outra versão do poema, mas não me lembro por quem foi traduzido.
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MensagemAssunto: Re: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeSeg Ago 02, 2010 5:25 am


Como eu não possuo


"Olho
em volta de mim. Todos possuem
Um afecto, um sorriso ou um abraço.
Só para mim as ânsias se diluem
E não possuo mesmo quando enlaço.

Roça por mim, em longe, a teoria
dos espasmos golfados ruivamente;
São êxtases da cor que eu fremiria,
mas minh´alma pára e não os sente!

Quero sentir. Não sei ... perco-me todo ...
Não posso afeiçoar-me nem ser eu:
Falta-me egoísmo para ascender ao céu,
falta-me unção p'ra me afundar no lodo.

Não sou amigo de ninguém. P'ra o ser
forçoso me era antes possuir
quem eu estimasse - ou homem ou mulher,
e eu não logro nunca possuir!...

Castrado de alma e sem saber fixar-me,
tarde a tarde na minha dor me afundo ...
Serei um emigrado doutro mundo
que nem na minha dor posso encontrar-me ?

Como eu desejo a que ali vai na rua,
Tão ágil, tão agreste, tão de amor ....
Como eu quisera emaranhá-la nua,
Bebê-la em espasmos de harmonia e cor ! ...

Desejo errado... se a tivera um dia,
toda sem véus, carne estilizada
Sob o meu corpo arfando transbordada
Nem mesmo assim – ó ânsia! – eu a teria...

Eu vibraria só agonizante
Sobre o seu corpo de êxtases doirados,
Se fosse aqueles seios transtornados
Se fosse aquele sexo aglutinante ...

Do embate ao meu amor todo me ruo,
E vejo-me em destroço até vencendo:
É que eu teria só, sentindo e sendo
Aquilo que estrebucho e não possuo. "

da autoria de Mário Sá-Carneiro
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MensagemAssunto: Re: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeSeg Ago 02, 2010 5:40 am

olá philiz, ah ah eu acho que é, pelo menos para mim. é dos meus preferidos mas gosto muito dele, sou suspeita.
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MensagemAssunto: Re: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeSeg Ago 02, 2010 11:35 am

Também gostei do poema Smile
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MensagemAssunto: Re: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeSeg Ago 02, 2010 6:45 pm

PhiLiz escreveu:
Depois dos clichés finalmente algo interessante. Mário de Sá-Carneiro é um gigante. Apesar de um excelente poema não é dos melhores, o que diz tudo sobre a qualidade do resto da obra poética do autor em questão.

Até podem ser clichés, mas não deixam de ser bons poemas.
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MensagemAssunto: Re: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeTer Ago 03, 2010 7:58 pm

Apenas dei a minha opinião...
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MensagemAssunto: Re: Um poema da tua vida   Um poema da tua vida Icon_minitimeSáb Mar 26, 2011 2:32 am

Um Poema que me apaixona é o "Cântico Negro" do José Régio:

Citação :
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

Smile
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